Vera H. Suplicy, preocupada com a indiferença dos
ceramistas em relação à toxicidade dos materiais que manipula, desenvolveu uma
abrangente pesquisa sobre os “males dos esmaltes”.
É comum ouvir de
um ceramista iniciante o seguinte:” Sempre usei esmaltes com chumbo e nunca me
aconteceu nada!”. Entretanto é preciso pensar em dois pontos muito importantes:
o primeiro é que a intoxicação por chumbo se faz ao longo dos anos, por um
processo acumulativo, e, quando alcança o nível crítico, não é mais possível
revertê-lo. Porém isto é um problema de escolha do ceramista, que atinge
somente a ele.
O segundo fator, que considero
o mais importante, é que certos óxidos de metais pesados, como veremos a seguir
são muito instáveis, fazendo com que o vidrado reaja com alguns alimentos que
com eles fiquem em contato, liberando assim elementos nocivos. Portanto, o
ceramista que emprega materiais tóxicos não está somente se expondo, mas também
colocando em risco o usuário da cerâmica, o que é muito sério.
Os elementos tóxicos
mais comuns usados em vidrados cerâmicos são
1) Compostos
de chumbo (Pb) – usados como fundentes, baixando consideravelmente
o ponto de fusão do esmalte. São encontrados com frequência nos esmaltes para a
queima em baixa temperatura e nos esmaltes para a queima de Raku. Esses
elementos geralmente apresentam uma aparência brilhante, podendo ser usados com
outros óxidos e corantes para obter peças coloridas;
2) Compostos
de bário (Ba) – esses elementos também são usados como fundentes,
portanto têm a característica de tornar
o ponto de fusão do vidrado mais baixo. Após a queima apresentam tons que vão
do azul-turquesa ao verde piscina. Os sais de bário são muito tóxicos quando
absorvidos em grande quantidade pelo trato gastrintestinal. Fixam-se nos ossos
da mesma maneira que o cálcio;
3) Compostos
de Cádmio (Cd) – apresentam a cor amarela depois da queima,
comumente encontrados em esmaltes para queima a baixa temperatura. O
envenenamento agudo e crônico pelo cádmio pode ocorrer tanto por absorção pelo
trato intestinal como também por inalação do pó que fica, então, depositado nos
pulmões;
4) Compostos de selênio
(Se) – apresentam a cor “vermelho-bombeiro” após a queima e também
se encontram em esmaltes que fundem em torno de 970 ºC. Estes compostos são
rapidamente absorvidos pelo trato intestinal e pelos pulmões (após inalação do
pó). Em casos de envenenamento crônico, o selênio aparece em grandes quantidades
nas hemácias, no fígado e nos rins;
5) Pó de sílica (Si)
– este elemento é constante em todos os esmaltes cerâmicos. Deve-se evitar
respirar este pó, pois uma exposição prolongada pode causar a silicose (doença
do pulmão);
6) Nitrato de prata (AgNo3)
– pode ser usado nos esmaltes para a queima Raku e deve ser manuseado com
extremo cuidado, pois necrosa a pele;
7) Zinco (Zn) –
este metal pode ser encontrado frequentemente em vidrados cerâmicos (empregado
como fundente) e também deve ser manuseado com atenção, pois pode ser absorvido
tanto pelos pulmões (pó) como por via
oral. Ele tende a se depositar nos ossos, unhas e cabelos;
8) Lítio (Li) –
o sal de lítio é empregado como fundentes para esmaltes de alta temperatura
(acima de 1200ºC). Ele pode ser tóxico quando ingerido por pessoas que
apresentam uma baixa taxa de sódio. Vai aparecer principalmente nos músculos e
no cérebro.
Outros materiais empregados nos
vidrados são cáusticos, devendo-se tomar cuidados extras com a pele, em caso de
contato prolongado.
Uma séria desvantagem de se
empregar os compostos de chumbo (e outros elementos tóxicos) em esmaltes
cerâmicos é que eles continuam venenosos mesmo após a queima. Isto é, quando
usamos cerâmica utilitária, podemos estar ingerindo quantidades apreciáveis de
chumbo. Este fato se dá já que o chumbo é um elemento químico instável, podendo
reagir com ácidos fracos, como os encontrados em alguns alimentos (frutas
ácidas, vinagre, sucos, chá...), enquanto a quantidade ao se utilizar uma vez o
prato, tigela, copo ou jarra pode ser extremamente pequena. O uso contínuo
desses utilitários pode causar sérios danos e até mesmo a morte.
O envenenamento agudo por
chumbo é raro, pois é necessária a absorção de 5 g. O envenenamento crônico é causado pelo contínuo uso de pequenas quantidades de chumbo através da mucosa digestiva,
alvéolos pulmonares e pele. É chamado saturnismo e pode ser
diagnosticado pelo estudo radiográfico dos ossos, por pesquisas na urina e no
sangue. O chumbo fixa-se nos ossos, dentes, deposita-se na medula óssea, baço,
fígado, sistema nervoso central e periférico. A intoxicação causa doença nos
rins, vasos sanguíneos, coração, sistema nervoso e gastrintestinal.
As vítimas se tornam pálidas, têm
perturbações digestivas, falta de apetite e cólicas dolorosas. A perda de força
geralmente aparece nos dedos, mãos e pulsos, podendo se estender para os ombros
e pernas. Os rins podem ser atacados, tornando-se “fibrosos”.
É possível também se manifestarem
atrofia ótica, enfraquecimento e até mesmo perda completa da visão.
Eis
um trecho do depoimento da química toxicologista Iná Martins Anusz
“Quero acrescentar que colegas
meus da área médica comentaram um caso interessante a este respeito.
Tinham um paciente que apresentava fortes sinais de envenenamento e não
descobriam a causa. Os médicos relacionaram então varias possibilidades. O
doente apresentava sinais de piora sempre que se dirigia a Canela (RS), onde
possuía uma residência. Lá estando fazia frequentemente suco de laranja e o
colocava em uma jarra cerâmica. Descobriu-se a fonte de seu envenenamento: o
chumbo contido no vidrado da jarra”.
Os compostos de chumbo, porém, quando combinados com outros óxidos e
silicatos e tratados por meio de um processo de fusão especial, chamado frita,
diminuem sua toxicidade.
Infelizmente, se a composição do esmalte não é perfeitamente conhecida, não
existem meios de dizer se o esmalte é tóxico ou não somente observando sua
aparência. Podemos então fazer um teste caseiro descrito mais adiante.
É compreensível que muitos
usuários de cerâmica se tornem temerosos em relação a objetos que contenham
esmaltes tóxicos.
Deve-se estar atento as seguintes precauções:
1) os componentes de chumbo
(branco=alvaiade, laranja=zarcão), de bário, de cádmio e selênio são bastante
tóxicos e devem ser manuseados com cuidado;
2) não devemos fumar ou comer enquanto estamos lidando com esmaltes cerâmicos.
Muitos compostos são no ácido clorídrico contido no suco gástrico humano,
fazendo com que corramos o risco de contaminação;
3) os esmaltes tóxicos devem ser aplicados por imersão, escorrimento ou
pinceladas e nunca por aspersão (compressor bombas etc.);
4) esmaltes com frita de chumbo combinados com silicatos e outros tóxicos têm
seu risco de contaminação minimizados;
5) os utilitários de mesa e os recipientes destinados a guardar comida ou
bebida devem ser tratados com vidrados que não contenham chumbo ou outros
elementos tóxicos;
6) como muitos esmaltes tóxicos são de difícil identificação, aconselha-se
evitar comer ou beber em utilitários que não conheçamos a procedência.
Teste caseiro para verificação da toxicidade do
vidrado de cerâmica
Primeiramente fazemos uma pasta com
enxofre, misturando 16 g de enxofre e 21 g de carbonato de sódio. Misturamos e
levamos ao fogo brando (em um pirex resistente ao calor). Retiramos ao formar
uma pasta viscosa que ao esfriar solidificará. Moemos esta mistura e guardamos
em um recipiente de vidro, não se esquecendo de rotulá-lo.
A cerâmica a ser testada deverá
conter vinho branco ou vinagre branco durante 12 horas. Retiramos então de 5 a
10 ml deste líquido e colocamos em uma solução de 60 ml de água quente contendo
uma pitada da pasta de enxofre moída. Esta solução deve estar em um copo
transparente para observarmos se escurecerá ou não. Caso escureça, o vidrado da
cerâmica é tóxico e a peça não deve ser utilizada com alimentos ou bebidas
ácidas.
Eventualmente o ceramista
poderá escolher ignorar o perigo potencial da utilização de esmaltes tóxicos
tanto para si como para os ocasionais usuários de seus produtos. Afinal, a
responsabilidade civil no nosso país é muito tênue.
Em oposição a este
pensamento e conhecendo bem as propriedades destes elementos e de como seus
efeitos nocivos se manifestam no organismo humano, poderemos nos livrar de um
envenenamento perigoso e ainda manusear estes produtos com praticamente nenhum
risco para nós e para outras pessoas.
Nota:
O presente texto foi
publicado no livro Cerâmica-Arte da Terra, Editado por Miriam B.Birmann
Gabbai, Editora Callis Ltda., (Brasil), 1987, tendo a autora Vera
H. Suplicy autorizado sua reprodução no site www.ceramicanorio.com
Estudos e declarações do FDA a
respeito da cerâmica utilizada em canecas e potes
As canecas coloridas de cerâmica que você comprou, certamente animarão a sua mesa de café. E aquele jarro antigo de tamanho perfeito para suco de laranja. É difícil imaginar que tais
peças atraentes de cerâmica podem ser perigosas para sua saúde. Na verdade, elas
podem causar envenenamento por chumbo e cádmio. O esmalte que dá brilho as cerâmicas podem liberar
níveis tóxicos de chumbo em sua comida.
A Food and Drug Administration
(FDA) tem limites rígidos sobre a quantidade de chumbo que podem contaminar a
partir de uma peça cerâmica. Copos, canecas e jarras tem os limites ainda mais
rigorosos. Isso porque essas peças geralmente armazenam alimentos mais longos,
permitindo mais tempo para levar à lixiviação.
Como parte
do processo de acabamento, objetos de barro são pintados com esmalte e colocados em alta temperatura em um forno. O resultado é um acabamento brilhante, vítreo.
Proteção
Esmaltes
que contenham chumbo devem ser colocados em altas temperaturas para se
certificar de que o chumbo no esmalte não irá se infiltrar na comida ou
bebidas. Quando um objeto de vidro indevidamente é usado para armazenar os
alimentos ricos em teor de ácido, a reação química pode liberar o chumbo e
causar problemas.
Grandes
fabricantes de cerâmica em geral, fazem produtos de forma
adequada e são seguros de usar. O FDA exige que qualquer "ceramic ware" decorativos que alcança altos níveis de chumbo devem ser permanentemente rotulados e não podem ser usados com alimentos.
O FDA diz
que é um perigo potencial devido a produtos importados do México, China e vários
outros países. Esses itens não podem ser rotulados, e não há garantia de que
esses itens foram fabricados corretamente. O FDA possui testes de cerâmicas importadas
para o chumbo, mas não tem controle sobre os objetos encomendados no exterior
ou trazidos de volta pelos turistas.
Da mesma
forma, a agência não pode monitorar os fabricantes de cerâmica amadora local para se
certificar de que eles estão vendendo produtos seguros. Oleiros pequenos muitas vezes não podem controlar a fabricação de esmaltes de chumbo, bem como
grandes fabricantes comerciais.
Antiguidades
e colecionáveis podem ser suspeitos, também. O FDA não regula os níveis de chumbo
nos aparelhos de jantar até 1971.
Outras fontes de contaminação por metais pesados de chumbo e nos alimentos inclui o uso de estanho e cristal de chumbo talheres e
copos.
Riscos para a saúde
Altos
níveis de chumbo podem prejudicar os rins e o fígado, bem como os sistemas
nervoso, reprodutivo, cardiovascular, sistema imunológico e gastrointestinal.
Altos níveis de chumbo em crianças podem causar falha de aprendizagem, problemas
comportamentais e de crescimento.
A FDA faz
as seguintes sugestões para evitar o envenenamento por chumbo de cerâmicas:
- Evite armazenar alimentos,
itens especialmente ácidos como suco de tomate, vinho e vinagre, em
cerâmica.
- Altas temperaturas e aumento do
tempo de contato com os alimentos também contribuem para uma maior
lixiviação de chumbo a partir do recipiente para a comida. Se você usar
uma peça, muitas vezes, você aumenta sua exposição ao chumbo.
- Cuidado com os produtos
comprados em outros países. Se você está inseguro sobre normas de
segurança, não usá-los com alimentos.
- Não servir alimentos ou
bebidas em antiguidades ou colecionáveis.
- Tenha cuidado de cerâmicas feitas por amadores.
- Evitar o uso de copos, canecas
ou jarros se o esmalte desenvolve um resíduo de cinza esbranquiçada após a
lavagem.
- Não guarde alimentos ou bebidas
em recipientes que são altamente decorados no interior.
Se você
quiser ter certeza absoluta de que uma peça de cerâmica é segura, a única
maneira de descobrir é tê-lo testado.
Toxicologia no Cobre no uso em pratos, tigelas, potes, copos ou jarras
Baseada
em uma resolução (RDC 20 - 22 de março de 2007) a Agência Nacional de
Vigilância Sanitária (ANVISA), proibiu o uso de utensílios de cobre na produção
alimentícia. Pois, segundo a vigilância, a absorção excessiva do metal provoca
desordens neurológicas e psiquiátricas, danos no fígado, nos rins, sistema
nervoso e ossos, além de perda de glóbulos vermelhos. A resolução da ANVISA não
proíbe o uso dos tachos de cobre, desde que revestidos por banho de ouro,
prata, níquel ou estanho. Lavagem nasal com cobre nem pensar!
PARA
HIGIENIZAÇÃO NASAL USE SOMENTE POTES EM PLÁSTICO GRAU MÉDICO FARMACÊUTICO,
TRANSLÚCIDO E INODORO!
USE NASALPOTE
“O
amigo de seu nariz!”